quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Papo de homem: Pequenos times milionários.

Imagine um clube de sua cidade que sempre esteve às sobras dos grandes. Sempre foi no máximo simpático, tinha lá seu estádio, mas não ganhava absolutamente nada. Teve um período de relativa glória há uns 30, 40 anos e depois só ficou assistindo aos demais ganharem tudo.

Aí…

Chegou um cara, botou um caminhão de dinheiro na mesa e mudou tudo. Agora o time é uma vitrine de craques, sua camisa é conhecida no mundo inteiro, virou o clube a ser batido no campeonato e até no videogame se tornou uma febre. Isso até o dia em que o Patinhas cansar da brincadeira e cair fora.

Conhece essa história? Existe um clube inglês que se adapta a ela, mas poderia ser um Juventude, um Criciúma, um Madureira, um Novorizontino, um Santo André…

Falo do Manchester City, atualmente a maior mentira do futebol mundial. Sempre viveu na rebarba do United, nunca foi mais do que mediano na Inglaterra, onde o maior título era ser o time de coração dos caras do Oasis, e de repente virou o clube mais rico do mundo.


Robinho, Tevez, Balotelli, Aguero, entre outros. Nomes caríssimos e jogadores cobiçados no mundo todo vestiram a camisa do City, algo até bem pouco tempo impensável. E muitos recusaram. Kaká e Fábregas não foram seduzidos pela fortuna sem tradição. Fernando Torres foi outro que também não se sentiu atraído. Ou seja, só dinheiro não resolve.

O City não virou um clube grande. E não será o dinheiro que o fará. Times brasileiros como Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo e outros são muito maiores, possuem muito mais tradição, mas é costume do brasileiro achar que “está lá fora = é maior”. Não é.

O time, isso sim, é muito bom. Mas, mesmo assim, precisa ganhar. E a eliminação precoce na Liga dos Campeões mostra que não basta ter uma fortuna para ser campeão. É preciso ter história, tradição e torcida por trás. Por mais que o City tenha a maioria dos torcedores em Manchester, isso não conta muito. Se fosse diferencial, o Shalke 04 seria campeão fácil na Alemanha, e não é bem assim.

Esses times montados servem apenas para inflacionar salários e fazer a festa de empresários. Eles também colocam um tempero a mais no campeonato nacional, é mais uma equipe na disputa, porém, nada além disso.

Na Espanha agora temos o caso do Málaga, que teve uma parte comprada pelo sheik Abdullah bin Nasser Al Thani por 36 milhões de Euros em 2010, e está comprando jogador por atacado. Vai ser páreo para Barcelona e Real Madrid? Isso só o tempo dirá (e contratações certeiras), mas dá um alento ao desequilibrado Campeonato Espanhol. Porém, não é um clube grande e não será por muito tempo. Nem o City.

Não nos esqueçamos do Chelsea. Abramovich também chegou e enfiou um Everest financeiro no caixa do clube. Mas após anos só ganhando o campeonato caseiro, viu que é preciso um algo mais para conquistar títulos maiores. Tomou prejuízo e passou a trabalhar na montagem de um clube de futebol. O Chelsea não é mais o time a ser batido, mas é uma equipe muito mais forte e preparada mentalmente do que há alguns anos.

O caminho dos times que ganham na loteria pode ser esse: paciência. Mas eu só quero ver como ficará quando os milionários cansarem da brincadeira e resolverem pular para outro esporte. Toda bolha um dia estoura.

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